Apresentação

A Capela de Nossa Senhora da Silva é a única capela da cidade do Porto que fica num 1º andar. Venha daí descobrir esta preciosidade.

Integrada no casario que ladeia a Rua dos Caldeireiros, uma casa abaixo (do lado esquerdo de quem desce) da esquina desta rua com a de Nicolau Nasoni, encontra-se uma pequena casa, mais recolhida e com um aparatoso nicho sobre a varanda do primeiro andar.

Esta casa (com outra frente para a Rua de Trás) e o respetivo nicho fazem parte do antigo Hospício de Nossa Senhora da Silva, cuja capela-oratório se situa no interior do primeiro andar, que a Confraria de Nossa Senhora da Silva, administrada pelos ferreiros, caldeireiros e anzoleiros do burgo, ali instalou no século XV.

O prédio apresenta atualmente (já que foi alterado várias vezes ao longo dos tempos), no piso térreo, duas grandes portas e, no meio destas, uma janela com grade de ferro; por uma dessas portas entrava-se para a oficina dum mestre carpinteiro e pela outra para a casa da confraria.

No primeiro andar, uma larga varanda com grades de ferro ocupa toda a largura da fachada, abre-se em duas largas janelas envidraçadas, entre as quais se encontra o curioso nicho, do século XVIII, também envidraçado e protegido por uma cobertura de talha, contendo as imagens de Nossa Senhora da Silva, de S. João Baptista e de S. Baldomero, e encimado por um vistoso frontão recortado.

Este andar, onde outrora esteve instalado o Hospital de S. João Baptista, serve hoje de secretaria e capela de Nossa Senhora da Silva, nele habitando também o contínuo da referida confraria. O prédio é do século XVIII, inspirado no gosto de Nasoni, embora de construção mais tardia, rematando a frontaria um conjunto de molduras e guarnições de pedra profusamente trabalhadas. Ainda hoje aí se acolhem irmãs pobres da Confraria de Nossa Senhora da Silva.

A parte do prédio que dá para a Rua de Trás foi, em tempos, um hospício para peregrinos estrangeiros (com a denominação de Hospital de Santa Catarina) e integrava, sobre a loja e o portal, dois andares com janelas de sacada e varandas de ferro e um oratório, com a imagem de Santa Catarina, entre as quatro janelas do primeiro andar.

No interior do edifício existe um pequeno pátio, que separava os dois referidos hospitais e tinha portas interiores de comunicação, hoje desaparecidas, tal como o oratório de Santa Catarina.

A devoção a Nossa Senhora da Silva está ligada a uma antiquíssima tradição, segundo a qual a origem desta invocação mariana se deve ao facto de uma imagem de Nossa Senhora, em pedra toscamente trabalhada, ter sido encontrada por um pedreiro no meio dum silvado que, em tempos remotos, crescia no local onde depois se ergueu uma capela, que teria sido mandada construir por D. Mafalda, mulher de Afonso Henriques.

Grande devota desta imagem (à qual ofereceu muitos ornamentos e jóias, algumas das quais ainda se conservam no tesouro da Sé portucalense) foi uma outra D. Mafalda, esta filha de D. Sancho I e que viveu no célebre convento de Arouca. Expressão dessa antiquíssima devoção foi a cidade do Porto ter adotado para o seu brasão a imagem da Virgem e ter-se chamado, desde tempos remotos, «cidade de Santa Maria».

Na Sé do Porto existe também uma imagem de Nossa Senhora da Silva, não a encontrada no meio das silvas, mas uma outra, do século XIV, em calcário policromado.